terça-feira, 26 de março de 2013

Joe Jordan - Capítulo 11 - É, estou de volta, caindo na estrada





     O rádio tocava Johnny Cash enquanto atravessávamos o Texas, havíamos acabado de passar por Houston, estávamos a caminho de San Antonio. Gawain continuava a briga com Jessica, insistindo em que a melhor maneira de matar um zumbi era destruindo seu cérebro, Jessica dizia que não bastava destruir o cérebro para matar um zumbi.
     - I hurt myself today... - Cantava Hayley baixinho com a cabeça deitada em meu colo enquanto eu olhava pela janela do carro, incrível como quatro pessoas poderiam caber em uma cabine de uma caminhonete. 
     Olhei para o horizonte na estrada, pensei comigo mesmo que deveríamos procurar um lugar para passar a noite logo.
     - Gawain, não acha melhor a gente ir passar a noite em um hotel, sei lá. - Perguntei.
     Gawain franziu a testa, tentando se focar na estrada.
     - Boa ideia...  - Disse Gawain.
     - É. - Concordou Jessica. - Devemos chegar a San Antonio em alguns minutos, lá, com certeza, deve haver um hotel.
     Eu suspirei, estava mais aliviado, não queria que Gawain dormisse no volante e provocasse algum tipo de acidente. Olhei ao horizonte, o sol baixava quase por completo, em 5 minutos, o céu já estava escuro e a lua minguante reinava no céu, brilhante.
     Ouvi algo zumbir em meu ouvido, como se o ar passasse ao meu lado em alta velocidade, e eu não estava errado, mais a frente, uma figura escura, com uma capa longa parara no meio da estrada.
     - O que diabos é aquilo? - Disse Gawain se ajeitando no volante.
     A figura abriu uma capa enorme e se mostrou, ele era pálido, muito pálido, meio azul, ele arreganhou a bocarra cheia de dentes enormes afiados, o que parecia ser uma mulher, agora parecia ser um demônio.
     - Noiva do Drácula afrente! - Gritou Gawain puxando uma besta e apontando para a figura, começou a atirar enquanto estava dirigindo.
     Jessica pegou a escopeta do pai dela, pôs um cordão de prata como munição e saiu da cabine, foi para a parte da carga e ficou mirando na fera.
     Eu peguei minha pequena adaga e saí janela para cima da cabine da caminhonete, Gawain diminuiu a velocidade até chegar a zero, a uns dez metros da criatura que saltou e desapareceu na escuridão, apareceu atrás de Jessica, estava prestes a mordê-la, mas pulei no seu pescoço e quase lhe cortei a garganta, quando caímos no escuro, ela desapareceu.
     Todos ficamos apostos caso ela reaparecesse, quando ela reapareceu atrás da Hayley, eu estava a uns 3 metros delas, mas corri, e então um vulto surgiu debaixo da capa de chuva, que ocultava a bagagem da caminhonete(armas e munições), com uma flecha de prata na mão e cravou na clavícula do monstro.
     - A minha irmã não, vadia! - Disse Kurt ao lado do corpo inconsciente do monstro, ele cuspiu nela.
     Hayley estava assustada com a vampira, mas olhava para Kurt como se seu coração fosse parar naquele instante, fui até ela e a abracei.
     - Está tudo bem, Hay, está tudo... - Dizia eu.
     Hayley me olhou com fúria e explodiu.
     - KURT! O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?!
     Kurt se encolheu um pouco e depois falou.
     - De nada.
     - Não vem com ironia para cima de mim, não! Como você conseguiu se infiltrar entre as armas e munições? - Exigiu Hayley.
     Kurt fez uma careta e depois começou a coçar o cotovelo, olhando para baixo e olhou para Gawain, que parecia que tinha visto um fantasma.
     Hayley seguiu o olhar de Kurt e foi até Gawain e começou a bater nele.
     - O que - uma bofetada - você - outra bofetada - tem - mais uma - na cabeça!? - Hayley continuou batendo nele e parou para que ele pudesse responder.
     Gawain olhou com raiva para o irmão.
     - Ele fez aquele olhar irresistível de gatinho... não consegui resistir. - Explicava Gawain, eu comecei a rir baixinho, tentando esconder o riso, Gawain me fuzilou com os olhos.
     - Não importa! Nós vamos... - Hayley não chegou a terminar a frase, ouvia-se de longe ruídos como um monte de morcegos gritando, olhamos para atrás na estrada e vinham mais vampiros atrás de nós, Gawain arregalou os olhos, Jessica já levantava a arma, Hayley só consegui pegar o irmão mais novo dela e gritar. - CORRAM! - Todos corremos em direção ao carro para tentar salvar nossas vidas de um ataque de vampiros loucos.


Continua...

sexta-feira, 22 de março de 2013

Os Símbolos da Tormenta - França - Capítulo 10 - Final - O Grande Tormenta Parte 2




     Liza não esperava por aquilo, um navio pirata no bem no Canal da Mancha, como ninguém notou isso antes? Ela estava admirada com o quanto aquele navio era grande, o pior, nenhuma força naval percebeu sua aproximação? Ela queria se aproximar, ela se lembrava um pouco das palavas de Siergart, ele disse que o navio era a passagem deles para a Inglaterra.
     - Vamos para a Inglaterra? - Perguntou ela.
     - Claro que sim, minha cara. - Disse Siergart. - Lá encontraremos nosso segundo Símbolo da Tormenta.
     - Segundo? Quantos são? - Perguntou ela.
     - Quatro. - Dessa vez, quem respondeu foi Léo, ele fitava sério o navio.
     Liza sentia que já havia visto aquele majestoso navio uma vez, mas não lembrava de onde, ela tentou se esforçar para se lembrar, mas nada lhe vinha a cabeça.
     - Liza. - Chamou Léo, ela despertou, atenta.
     - Sim? - Perguntou ela.
     - Vá chamar os outros, diga a eles que vamos partir mais cedo esta noite. - Respondeu ele.
     Liza saiu do campo de visão e foi até o acampamento, ela acordou José, Susana, Marcos e Geovanna para que eles pudessem seguir caminho, ela voltou para as perto das caixas, ela conseguiu ouvir a conversa de Léo com o pai.
     - Ela é muito bonita... filho. - Dizia Siergart, certamente, falando sobre ela.
     - É, mas... ela não é a Bianca. - Respondeu Léo, ele olhava atentamente para os piratas que descarregavam caixas do barco para o porto.
     - Ela se parece muito com a Bianca.
     - Mas ela não é a Bianca, pai, ela não é a garota que eu mais amei na minha longa e infeliz vida.
     - E se ela for?
     Léo olhou incrédulo para seu pai.
     - Ainda acredita nessa bestei...? - Começou Léo.
     - Não, garoto, não é besteira, reencarnação é coisa séria, e eu acredito, sim, desde a primeira vez que a vi, que ela é a reencarnação da princesa Bianca, ela pode derrotar o Duque Henry, o imortal. - Disse Siergart.
     - ELA NÃO É A BIANCA! - Vociferou Léo. - Essa garota não tem condições de ser algum tipo de reencarnação dela, ou o que seja, ela apenas se parece com a Bianca.
     - Se você realmente acha que ela não é a reencarnação da princesa Bianca, então por que foi até Portugal para vê-la? Por que aturou ela esse tempo? Por que gosta do jeito dela? Por que a beijou? - Perguntou Siergart.
     Liza saiu do esconderijo e foi até eles.
     - Pois é, Leonard, por que me beijou? - Perguntou ela de braços cruzados, de pé, os dois ficaram de olhos arregalados.
     Bem na hora que um pirata a viu e gritou, vários piratas o cercaram e os levaram para dentro perto do navio, havia um homem corpulento e barbudo a espera deles, esse homem sorria como se houvesse ganhado na loteria.
     - Ora se não é meu velho amigo Leonard Ghalliard... há quanto tempo, não é mesmo? - Disse o homem barbudo, sorridente.
     Léo sorrio fracamente.
     - Capitão Burgh, que prazer revê-lo. - Disse Léo, claramente fingindo.
     - Você já mentiu melhor, garoto. - Disse o capitão Burgh.
     - O senhor também já cheirou melhor. - Disse Léo, o capitão caiu na gargalhada e colocou a espada na garganta de Léo.
     - Leonard, Leonard, Leonard... pequeno e precioso Leonard... volte a se juntar a nós, terá seu posto de segundo no comando de volta, imagina só... viajar no grande Tormenta de novo. - O capitão encheu a boca ao falar a palavra "Tormenta". Liza se sentia ligeiramente incomodada com o fato de estar sendo segurada por um pirata que a xavecava direto.
     Léo sorriu.
     - Eu adoraria, capitão Burgh, mas, sabe como é? Eu tenho coisas a fazer... se é que me entende, então... - Ele deu um salto e chutou a cara do capitão Burgh, depois congelou os seis piratas que prendiam seus companheiros, depois se virou para congelar mais dez piratas e congelou os pés do capitão no chão, deu outro chute e o capitão caiu para trás.
     Tudo foi tão rápido que Liza só teve tempo de puxar o punhal e cortar a perna de um pirata, que caiu no chão, e cortar o peito do outro, e cair por cima dele, batendo a base do punhal na cabeça dele.
     Ela se levantou assustada, Léo segurou seu braço e a puxou para o navio, José, Susana, Marcos e Geovanna já estavam a bordo, tirando os outros piratas que estavam dentro do navio, Léo congelou a ponte de passagem do navio para o porto, ele cortou as cordas que eles estavam atracados e correu com Liza para a bordo do navio.
     - Não falta mais ninguém? - Ele perguntou ofegando.
     Geovanna apontou para o porto, ele olhou e viu seu pai lutando contra vinte piratas, Siergart parecia um lobo contra os vinte piratas de Burgh, ele era feroz e ágil contra os oponentes, ele girou o braço por cima da própria cabeça, apontando para o Canal da Mancha, ele sabia o que queria dizer, ele deu ordem a todos para içar as velas, para se prepararem para partir.
     Liza se sentiu um pouco tonta e se sentou no convés, ela sentia uma dor estranha, ela pôs a mão na lateral do corpo, e sentiu algo lá, ela olhou atentamente e lá, na lateral do corpo dela, havia uma flecha, sua visão começou a ficar turva.
     Léo se vira para Liza e a vê sentada no convés, pálida, mais pálida que o habitual, ele viu algo brotar da lateral do corpo dela, ele foi correndo até ela, desesperado, ele largou a espada ao lado dele e ficou ajoelhado ao lado dela, ele sentiu-se como da última vez, quando havia perdido Bianca, parecia que tudo estava se repetindo, como se o mundo não quisesse que ele jamais fosse feliz ao lado de alguém, congelar seu coração seria a melhor opção, ele sabia que ela não era Bianca, mas ela lhe lembrava muito a Bianca que ele um dia conheceu e se apaixonou, e agora ele via que estava perdendo-a, ele sentiu a mesma pontada em seu coração, será que ele estava novamente se apaixonando? Por Elizabeth Cortez? Uma simples garota de Portugal que lhe atraíra muito.
     Liza o via ali, ao lado dela, ele estava, ela não podia acreditar, chorando... ele estava chorando por ela, porque ela estava partindo, partindo para um lugar onde ele não poderia alcançá-la novamente.
     - Léo... - Liza chamava fracamente. - Eu... eu te perdoo pelo que disse... por que... quem ama de verdade, perdoa, e eu... estou apaixonada por você...
     Léo não conseguiu segurar e caiu em choro, acariciando o rosto dela, ela sorriu e fechou os olhos, e se viu no nada e no tudo ao mesmo tempo, ela viu seu pai diante dela, ele sorria calorosamente, e ele só disse uma coisa.
     - A sua hora não chegou, filha, você ainda tem muito tempo por vir. - Ele disse.
     Liza se sentiu sendo puxada de volta e abriu os olhos, ela viu Marcos e Geovanna olhando para ela, Geovanna sorriu ao ver ela abrindo os olhos.
     - Onde... - Liza começou.
     - Nada de falar. - Interceptou Geovanna.
     - É, você tem que ir até o convés agora, tem alguém que precisa falar contigo. - Disse Marcos.
     Liza se levantou e se arrumou, ela se sentia um pouco indisposta, mas fez força até chegar ao convés superior, chegando lá, Léo estava na parte da frente do navio, ela foi até ele, ele se virou para ela, segurou a sua mão.
     - Me perdoa por tudo que eu disse... - Ele começou.
     Liza colocou um dedo atravessando os lábios dele, ela sorriu e se aproximou dele, deu-lhe um beijo demorado nos lábios e o abraçou.
     - Por hoje, não quero saber de mais nada além de nós dois... - Disse Liza acariciando o rosto de Léo, ele sorriu e a beijou os lábios. Ele fitou o horizonte, sério, ela ficou preocupada. - O que foi?
     - Não podemos, simplesmente ignorar a busca pelos Símbolos da Tormenta... - Ele olhou para ela. - Temos que encontrar os outros Símbolos... - Ela apenas assentiu.
     Liza continuou ali, abraçada a ele por um tempo indeterminado, admirando o horizonte, o Sol estava nascendo, mais radiante que nunca pela primeira vez em dias, para Liza, ela gostava de estar com Léo, e queria continuar assim até o final, mas a vida é uma caixinha de surpresas e nunca sabemos o que pode acontecer a seguir.
   

Continua... talvez...

Fã da semana!

Gosta de desenhar? Sim, então esta é a oportunidade perfeita!
Faça algum desenho sobre qualquer saga de livros, filmes, pode ser até mesmo de uma das histórias postadas aqui no blog e mandem uma foto do desenho(Ou quantas quiserem) anexada(s) em um e-mail para o endereço: alcateia1@outlook.com
Junto a imagem devem estar seu nome, idade, sobre o que mostra o desenho e de qual saga ele faz parte.
Seu desenho pode ser mostrado aqui semanalmente.
Agradecimentos: O Autor.

I'm Back

Pois é, pessoal, depois de um longo tempo voltarei a postar três vezes por semana, prometendo ter algumas curiosidades sobre metamorfos, histórias, projetos, desenhos e etc.
Já, já trarei as últimas novidades.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Símbolos da Tormenta - França - Capítulo 9 - O Grande Tormenta


     - Eu já disse que não vou responder as suas perguntas - dizia Léo - , e a não ser que queira viajar congelada dentro de um caixão, sugiro que não me faça mais perguntas e fique quieta, Elizabeth.
      Liza seguia, incansavelmente, Léo para onde quer que eles fossem, ela tinha várias perguntas para fazer a ele, quem, realmente, era ele, ela não saberia responder, e é o que mais ela gostaria de saber naquele momento.
      Ela não podia negar que estava começando a se apaixonar por ele, mesmo que eles tivessem se conhecido à tão pouco tempo, havia algo nele que a atraía, não se sabe se era o jeito dele, durão, difícil, não sabia se era sua força, vitalidade e conhecimento de liderança, ela não saberia dizer o que realmente a atraía em Léo.
      Eles caminhavam, atravessando a França, agora, pois Siergart estava ainda cansado demais para tentar o teleporte para qualquer outro lugar do mundo, ele disse que o tempo médio era de algumas horas, as vezes poderiam chegar a 48 horas se ele fez teleporte com a energia já esgotada.
      Marcos andava ao lado de Geovanna que estava totalmente coberta por uma capa preta, ele tinha todo cuidado com ela, se um raio de sol tocasse alguma parte do corpo dela, isso lhe provocaria uma tremenda dor, o que seria, evidentemente, bastante desagradável, José e Susana iam conversando, se entendendo melhor, Léo ainda se fazia de difícil para Liza, ela tentava quebrar o gelo as vezes, perguntando coisas comuns, como se faltava muito tempo.
       O fim da tarde chegou e o céu escureceu, Liza não desgrudava de Léo, querendo saber mais alguma coisa, a noite, na fogueira, ela ainda continuou tentando arrancar alguma coisa dele, o que estava deixando-o claramente estressado.
       - Quer parar de me fazer perguntas, por favor? - Pediu ele.
       - Só quando você respondê-las. - Insistiu ela.
       Ele hesitou e então relaxou, a essa altura, eles já estavam em algum porto no litoral da França, onde ficava o Canal da Mancha, ele se sentou, ela também se sentou do lado dele.
       - O que quer saber? - Ele perguntou.
       Ela respirou fundo.
       - Em primeiro lugar: vou te fazer não só uma, mas algumas perguntas, quantas forem preciso - acrescentou ela antes dele falar alguma coisa - quero saber quem era Bianca...
       Essa pergunta realmente pegou Léo desprevenido, ele coçou a parte de trás da cabeça.
       - Ela era uma pessoa muito especial para mim... já faz muito tempo...
       - Põe muito nisso. - Ela complementou, ele deu um pequeno sorriso.
       Ela se aproximou mais do rosto dele, acariciando o rosto dele, ele a olhava nos olhos, ela sentiu seu coração disparar, sua garganta e sua boca estavam secas, ela ansiava por aquele momento há um tempo, Léo sorriu para ela.
       - O que você, realmente, é? - Perguntou ela a Léo.
       Ele aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou:
       - Por que você não tenta descobrir? - Ele acariciava o pescoço dela, e ela se sentia cada vez mais atraída pelos lábios dele, até o momento em que os lábios dos dois se tocaram, ela sentiu sua boca ficar estranhamente gelada, até ela se lembrar que aquela era a temperatura normal do corpo dele.
       Ao término do beijo ela deu uma pequena risada.
       - O que foi? - Perguntou ele. - Eu beijo tão mal assim?
       - Não! - Ela ainda ria. - É que sua boca é fria.
       Ele riu.
       - Boca fria? - Perguntou ele.
       - É. - Ela ria.
       Siergart saiu das trevas e parou na frente dos dois.
       - Agradeceria se os pombinhos falassem um pouco mais baixo e prestassem a atenção naquilo.
       Ele apontava para o horizonte no Canal da Mancha, não dava para ver nada, havia muita neblina naquele lugar, ela forçou um pouco a vista e com algum tempo conseguiu ver luzes fracas vindas do mar e então, em alguns minutos um navio pirata, totalmente fora de época, rompeu do nevoeiro e atracou no porto, ela mal podia acreditar no que estava vendo.
       - O que é isso? - Ela perguntou a Siergart.
       Ele sorriu e respondeu:
       - Isso? É a nossa passagem para a Inglaterra. - Ele falou todo cheio de si. - Este é o navio Tormenta do Mar.

Continua...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 8 - Passado


     - A noite está meio... fria, não acha? - Perguntou alguém atrás de Liza, ela olhou para trás e viu Léo, mas ele estava diferente, parecia mais acabado, havia olheiras debaixo dos seus olhos azuis cristalinos, ela se sentia magnetizada por aqueles olhos, o sorriso frio e belo, o modo como ele franzia a testa quando estava confuso.
     Ela respirou lentamente, percebeu no ar seco e frio que ele falava a verdade.
     - Sim - disse ela - , mas não é você que está fazendo isso, não é?
     Ele a olhou com incrédulidade, ele tinha cabelos mais longos que antes, e ela só agora percebeu que os dois usavam roupas do estilo medieval, onde eles estavam? Ela olhou pela campina, só havia grama e uma fina camada neve por onde olhava, algumas poucas árvores e ovelhas pastando, onde eles estavam? Perguntava-se ela repetidas vezes por segundo.
     Por fim ele sorriu levemente e disse:
     - Acho que está imaginando coisas, princesa. - Disse ele.
     - Acha que estou ficando louca? Eu vi você brandir sua espada várias vezes contra demônios, não me surpreende que tenha aprendido técnicas antigas em suas batalhas, tão jovem e já destinado a uma vida cheia de lutas, de guerras, de morte... nunca pensou em viver de algo que não fosse de guerra, de sangue, de morte? - Perguntou Liza, ela não sabia de onde tirou aquelas palavras. - Além disso, vi vários guerrilheiros preciosos do meu pai usando mágica em batalhas, é verdade isso?
     Léo a olhou com surpresa, encarou a grama com o lençol de neve por um instante, depois olhou para o céu, sorriu, com os olhos brilhando.
     - Princesa Bianca, não há nada demais nas batalhas em que eu sigo vosso pai - ele olhou para ela - , ele é um ótimo rei, é o meu rei, eu o sirvo até que ele me dispense, caso contrário, não posso deixar de guerrilhar... mas... - ele voltou a olhar para o céu - eu já pensei, sim, em viver diferente, não mais guerrilhando, já pensei em ser um camponês simples, viver trabalhando no campo, mas... não é para mim.
     Liza ficou observando ele, cheia de perguntas sobre aquela cena, sobre quem era ela. Ela se aproximou dele, segurou o braço dele e deois a sua mão, ele a olhou, surpreso, mas com um brilho diferente no olho, antes seu olhar era frio, cético, agora era cristalino, como um diamante, e feliz.
     - Já pensou em ser rei? - Perguntou ela, gentilmente.
     - Não, princesa, nunca... - Respondeu ele.
     Ela encostou a cabeça no ombro dele, nesse instante, ela sentiu a mão dele, já fria, amornecer, ela olhou profundamente nos olhos dele.
     - Leonard, eu te amo... - Disse ela, ele sentiu arrepiar-se.
     Ele olhou para ela de cima, ela estava com a cabeça deitada em seu ombro ainda, sem pensar, ele fez algo que jamais pensara ou se permitira fazer.
     Léo inclinou a cabeça e beijou a testa dela, ela sorriu e depois levantou a cabeça para encará-lo e então ela beijou os lábios dele.
     E então a cena mudou de repente, já não havia mais neve, agora ela e Léo estavam correndo no meio de uma floresta, ele olhava para trás frequentemente, ele segurava ela, a puxando pela floresta, machucava a mão dela, mas ela sabia que era preciso correr para a sobre vivência deles. Eles deixaram a floresta de lado e reapareceram perto de uma praia deserta, exceto por um navio enorme, para onde ele a puxou com força e eles voltaram a correr desesperadamente por suas vidas.
     Ela já podia sentir o gosto da liberdade perto e então tudo escureceu, tudo acabou num piscar de olhos. Liza sentiu uma dor nas costas, rápida, como uma fisgada, sentiu a dor atravessar o seu corpo, ela viu o olhar espantado de Léo ao olhar para trás, ele a puxa para mais perto e a pega nos braços, ela protesta.
     - Não, Leonard, vá sem mim. - Disse Liza.
     - Eu não vou sem você, Bianca. - Protestou Léo.
     - Eu não vou sobreviver, Léo. - Disse Bianca.
     Léo a ignorou e continuou correndo com Bianca em seus braços, ele chegou até o navio, Léo pôs Liza nos ombros e começou a subir pelas cordas do navio, ele ouvia o silvo das flechas que acertavam o casco do navio, ele subia rápida e desesperadamente.
     Ao chegar ao convés, conseguiu colocar Bianca no piso de madeira e subiu a bordo do navio, os homens que trabalhavam no navio, observaram eles e depois olharam para fora do navio, uma flecha atingiu um dos homens, os outros se revoltaram e começaram a carregar os canhões.
     Léo foi até Liza, segurou a sua mão, ela estava fria, seus batimentos estavam fracos, ela não teria mais muito tempo de vida, ele olhava tristemente nos olhos dela, ela olhava os olhos dele, mas ela estava feliz, ele não entendia.
     - Você é muito teimoso, Leonard... - Disse ela, fracamente.
     Os olhos dele estavam vermelhos, ele sentiu uma ardência forte no nariz.
     - Você me ensinou a ser assim... - Retrucou Léo a ela.
     Ela deu uma risada fraca.
     - É verdade... - disse ela - eu te amo, Leonard, jamais esqueça disso, leve isso por toda a sua vida...
     Ele assentiu e beijou os lábios dela, lágrimas caiam em seus olhos, ela sorriu, ela nunca tinha visto Léo chorar.
     - Não chores, nobre cavalheiro... - disse ela.
     - Eu não estou chorando... - devolveu ele, ela sorriu, ele sentiu um aperto no coração - eu te amo demais também, princesa... demais...
     Ela se sentiu extremamente feliz em ouvir aquelas palavras, e então fechou os olhos.
     Quando os abriu novamente, estava no quarto de hotel, Léo dormia na poltrona ao lado da cama, Liza sentou-se na cama, olhou para os lados e viu todos dormindo, ela não parava de olhar para Léo, sua cabeça estava cheia de perguntas, mas a maior delas era: Quem, realmente, era Léo?

Continua...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 7 - Vampiros

     Liza olhava ao redor procurando algo que pudesse ajudar a lutar, pois ela não tinha poderes... ou pelo menos não os conhecia. Marcos estava mais apreensivo que o normal, ela via nos olhos dele que ele poderia se transformar no lobo imenso a qualquer momento, Siergart tinha um sorriso macabro e psicótico no rosto, Liza tinha medo daquele sorriso, o que ele poderia estar tramando?
     O homem-estátua começou a andar vagarosamente na direção deles, Susana ficou muito mais apreensiva que todos, parecia que ela iria ter um ataque a qualquer momento, Marcos adiantou um passo a frente de todos, seu corpo tremia, a primeira vista, Liza pensou que ele estava com medo, mas depois de um tempo, percebeu que ele estava mudando, Liza puxou Susana mais para trás e percebeu o que iria acontecer, José não percebeu o que aconteceria, Léo pulou para o lado e empurrou José no exato instante que aconteceu. Marcos explodiu... literalmente.
     Liza olhava horrorizada e, ao mesmo tempo, encantada com as chamas brilhantes e vermelhas que envolviam o corpo de Marcos sem nem ao menos feri-lo, Marcos olhou para trás, encontrou o olhar de Liza, seus olhos estavam mudados, sua face também mudara, não parecia mai Marcos, parecia uma pessoa dura, com a cicatriz em seu rosto brilhando, ele olhou para os homens estátua que recuaram um pouco ao verem Marcos.
     - Apelando para os poderes interiores. - Rugiu o primeiro homem. - Sabem que não gostamos de fogo, não é?
     - Sabemos que vocês morrem com o fogo. - Disse Marcos. - Isso já basta!
     Marcos saltou em uma altura surpreendente e estava prestes a cair em cima do primeiro homem, mas este desapareceu em uma fração de segundos, Marcos se virou para atacar o segundo homem, mas este escapou de seu golpe e o chutou na cabeça, Marcos caiu de cara no chão, meio aturdido, Liza sentiu um braço envolvê-la, ela se viu presa pelo primeiro homem, que a mantinha refém, Marcos olhou desesperado para ela, as chamas em volta dele se extinguiram. O segundo homem segurou Marcos pelos braços e fez Marcos inclinar a cabeça de lado, expondo a nuca dele, o homem abriu a boca, arreganhando todos os dentes pontudos, incisivos maiores que os outros, e estava prestes a morder o pescoço de Marcos.
     Um vulto pequeno e ágil saltou sobre o homem, agarrou a cabeça dele e o arremeçou contra um prédio do outro lado da rua, Liza ficou espantada vendo aquela cena acontecer, a figura ágil correu e desapareceu de vista, depois Liza escutou um urro de dor atrás dela, e ela estava livre dos braços do homem, ela correu e depois se virou para o primeiro homem, sua pele parecia apodrecer, ficar mais enegrecida a cada momento, de repente, o homem caiu, havia um pegaço de madeira enfiada nas costas dele, de pé, ao lado do corpo, se encontrava a figura pequena e ágil.
     Liza olhou para trás, o homem que quase mordeu o seu irmão estava vindo em sua direção, Léo se colocou entre eles, o homem foi veloz e atingiu Léo com um soco no peito, Léo voou três metros antes de cair, o homem vinha na direção de Liza sussurrando coisas que Liza demorou um pouco para entender.
     - Delicada menina jovem, cheia de vida... pena que irá morrer logo, não se preocupe, será uma morte rápida e indolor... - Dizia o homem.
     Liza entrou em pânico, não conseguia se mover, ela olhou para trás, onde estava o pedaço de madeira no corpo do outro homem, não havia mais nada ali, ela se virou para encarar o demônio que vinha ao seu encontro, de repente, ele parou à um metro dela, ela olhou atentamente para o homem, seu sorriso maligno se desmanchou, seus olhos sedentos agora estavam vazios, a pele dele começou a apodrecer como a do outro homem, e ficou enegrecida, o homem caiu com o mesmo pedaço de madeira nas costas, a pequena figura estava lá, do lado dele novamente, ela soluçava e choramingava, ao se aproximar mais, Liza percebeu quem era.
     - Geovanna? - Foi só o que Liza conseguiu dizer, a menina estava chorando, Liza, um pouco receiosa, se aproximou de Geovana e a abraçou.
     - Eu nunca havia matado ninguém... nenhum humano, nenhum vampiro, nenhum animal... - Disse a pobre, pequena e frágil vampira que namora o irmão de Liza.
     - Calma, Geovanna, vai ficar tudo bem... - Liza tentava tranquilizá-la.
     Marcos vinha na direção delas, ele olhou para Liza e depois para Geovanna, Liza soltou Geovanna e Marcos foi na direção de sua namorada vampira, Geovanna olhou nos olhos de Marcos, ele olhou nos olhos dela, ela o abraçou forte, Liza ouviu de longe o barulho dos ossos da costela de Marcos quebrando e voltando ao lugar, se regenerando, rapidamente, enquanto Geovanna o abraçava.
     - Eu estava com saudade, Marcos... - Disse Geovanna abraçando Marcos e choramingando.
     Marcos acariciou o rosto dela, sorriu para ela.
     - Agora eu estou aqui contigo... não precisa chorar, eu estou aqui. - Disse Marcos tentando acalmá-la, e estava conseguindo.
     Marcos tirou o relógio de bolso de ouro do bolso do casaco e entregou a Siergart, este sorriu brandamente para o garoto.
     - Que sorriso é esse? - Perguntou Marcos.
     - Orgulho de um menino que nem é filho meu, mas lutou com garra e determinação. - Disse Siergart, Léo olhou para ele e estreitou os olhos, Liza foi até ele por impulso, e segurou a sua mão, ele olhou para ela, surpreso, ela transmitiu um olhar para ele que dizia para ele não se importar com aquilo, ele entendeu e assentiu para.
     Depois de tudo que acontecera, eles procuraram o hotel mais próximo para se hospedar e descansar um pouco antes de partir embusca do próximo Símbolo da Tormenta. Marcos e Geovanna ficaram conversando a noite inteira no quarto que dividiam com Liza e Susana, que mal conseguiam dormir com as risadas, beijos e abraços dos dois.

Continua...